O petróleo da Angola colonial representou uma das mais importantes atividades económicas imperiais e um dos maiores focos do investimento estrangeiro nos territórios portugueses. Apesar disto, tem sido um tema marginalizado pelos estudos sobre o colonialismo português tardio. A resposta a este silêncio é uma tarefa desafiante e difícil. Como investigar a trajetória imperial portuguesa a partir de um objeto quase desconhecido, poroso e não sempre plenamente decifrável? Este livro reconstrói as dinâmicas que envolveram a exploração do petróleo angolano, desde a primeira conceção de um programa extrativista para as colónias portuguesas em finais do século XIX, até ao embargo petrolífero de 1974. O seu programa de investigação examina as lutas internas à burocracia imperial, a limitação do poder português pela ação de investimentos privados internacionais e a relação destes com as grandes empresas privadas durante o Estado Novo. Descreve, ainda, de que forma a resistência à presença de multinacionais petrolíferas norte-americanas em Angola envolveu os movimentos de libertação das colónias portuguesas, o movimento negro nos EUA, o Partido Comunista Italiano e a Democracia Cristã italiana. Finalmente, analisa a atividade da diplomacia portuguesa e dos seus representantes em Nova Iorque, Washington e Roma na defesa destes investimentos internacionais, evidenciando, assim, a aliança de facto entre os interesses petrolíferos multinacionais e a manutenção do império colonial.

Próximo
Próximo

Memórias de um caçador de lixo